Olodum é uma escola de tambores afro-brasileira da cidade de Salvador, na Bahia.
Fundado em 25 de abril de 1979, durante o período carnavalesco, o Olodum surgiu como uma opção de lazer para os moradores do Maciel-Pelourinho, garantindo-lhes o direito de brincar o carnaval de forma organizada.
Essa organização não governamental (ONG) do movimento negro brasileiro tem sua sede no Centro Histórico de Salvador, o Pelourinho, onde a maioria de suas apresentações ocorre.
A Banda Olodum, inicialmente um bloco afro carnavalesco, evoluiu para um grupo cultural, sendo reconhecida como de utilidade pública pelo governo do estado da Bahia.
Desde sua estreia no carnaval de 1980, a banda conquistou quase dois mil associados e passou a abordar temas históricos relacionados às culturas africana e brasileira.
Escolha do Nome Olodum
O Olodum é uma palavra de origem yorubá, um idioma falado pelos Yorubás vindos da Nigéria e do Benin para a Bahia em séculos passados.
A palavra completa é Olodumaré, que significa “Deus dos Deuses” ou “Deus maior” no ritual religioso do candomblé.
No contexto do candomblé, Olodumaré não representa um orixá específico, mas sim o Deus criador do universo e Senhor de todas as coisas.
Essa escolha do nome reflete a conexão profunda do Olodum com as raízes africanas e a espiritualidade.
Assim, o grupo carrega consigo a essência dessa divindade e a reverência à cultura negra, celebrando-a através de sua música e percussão contagiante.
Discografia e Músicas Famosas
Seu primeiro LP, intitulado “Egito Madagascar”, foi gravado em 1987 e alcançou grande sucesso na Bahia e em todo o país com a música “Faraó”.
Esse álbum homenageou as raízes do grupo e apresentou ao Brasil a Mama Africa, além de revelar como o grupo surgiu, desde os batuques até as influências dos Deuses africanos.
O Olodum ganhou reconhecimento internacional como um grupo de percussão afro-brasileira e excursionou por muitos países da Europa, Japão e quase toda a América do Sul.
O Olodum, com sua rica mistura de ritmos afro-brasileiros, é um dos maiores nomes do Carnaval brasileiro. Suas músicas celebram a cultura negra e a história. Aqui estão algumas das suas músicas mais famosas:
Faraó Divindade do Egito: Uma verdadeira aula de história, essa música exalta os faraós do Egito Antigo e compara sua luta com a do povo negro.
I Miss Her: O Olodum também gravou em inglês, e essa música ficou popularizada pelo filme “Ó, Paí, Ó”. O ex-integrante do grupo, Irmão Lázaro, até fez uma versão gospel chamada “Eu Sou de Jesus”.
Várias Queixas: Uma composição inédita do vocalista Germano Meneghel, que foi encontrado morto em 2011. A canção foi reinterpretada pelos Gilsons.
Deusa do Amor: Uma declaração à pessoa amada, endeusada pela canção.
Vem Meu Amor: Uma canção romântica que já embalou muitos casais apaixonados no Carnaval.
Essas músicas, além de seus ritmos contagiantes, trazem reflexões importantes sobre a população negra do Brasil e elementos afro-brasileiros.
O Olodum continua emocionando o público com suas batidas no coração do Pelourinho!
Parcerias e Colaborações
Em 1990, participaram da faixa “The Obvious Child” do disco de Paul Simon, The Rhythm of the Saints, cujo videoclipe foi gravado no Pelourinho e exibido em mais de cem países.
Além disso, colaboraram com músicos consagrados nacional e internacionalmente, como Pet Shop Boys, Caetano Veloso, Wayne Shorter, Herbie Hancock, Jimmy Cliff e Michael Jackson, divulgando ao mundo a rica mistura de ritmos que inclui batuques africanos, reggae, samba e ritmos latinos.
Evento Michael Jackson
Em 1996, o Rei do Pop, Michael Jackson, realizou uma colaboração icônica com o grupo Olodum. O resultado desse encontro foi o videoclipe da música “They Don’t Care About Us”, que se tornou um marco na carreira de ambos.
A gravação ocorreu em dois locais distintos: o Pelourinho, em Salvador, e o morro Dona Marta, no Rio de Janeiro.
O cineasta Spike Lee dirigiu o vídeo, que apresentou a fusão da música pop de Michael Jackson com a percussão contagiante do Olodum.
A história dessa colaboração começou em 1990, quando os integrantes do Olodum viajaram para os Estados Unidos.
Lá, encontraram o músico Paul Simon, que os apresentou a Spike Lee. O cineasta ficou intrigado com a “resistência ativa” que o grupo mencionou existir na Bahia e decidiu visitar Salvador para entender melhor.
As conversas continuaram até 1996, quando Spike Lee revelou estar trazendo um artista internacional para gravar com o Olodum.
Quando o grupo ouviu a fita k7, percebeu que se tratava de Michael Jackson. O Rei do Pop desembarcou na Bahia e ficou fascinado ao ver 215 percussionistas tocando seus tambores com paixão e energia.
Durante a gravação, Michael Jackson chorou ao testemunhar a intensidade e a vibração da percussão do Olodum.
Ele afirmou que nunca viu nada assim no mundo. O clipe projetou o Olodum internacionalmente e trouxe visibilidade à cultura afro-brasileira.
Essa colaboração é lembrada como um momento especial em que a música transcendeu fronteiras e celebrou a riqueza das tradições negras.
O Olodum continua sendo um símbolo da cultura baiana, e a varanda onde Michael Jackson gravou uma cena do clipe se tornou um ponto turístico no Pelourinho.
Legado
Hoje, com 45 anos de trajetória, a banda Olodum é composta por 18 músicos, incluindo cantores, percussionistas, metais, guitarristas e tecladistas.
À frente desse grupo estão Lucas Di Fiori e Nadjane Souza, que dividem os vocais. A banda já gravou 15 CDs, 2 DVDs e 4 coletâneas.
O Olodum continua sendo um símbolo da cultura baiana, celebrando a riqueza das tradições afro-brasileiras e emocionando o público com suas batidas contagiantes no coração do Pelourinho.
Turismo na Bahia
Para os turistas que desejam vivenciar a energia contagiante do Olodum em Salvador, existem várias maneiras de assistir às apresentações do grupo:
Terça da Benção: Todas as terças-feiras, o Olodum realiza o tradicional show “Terça da Benção”. Esse evento acontece na Praça Teresa Batista, no Pelourinho.
Lá, você poderá sentir de perto toda a emoção do Olodum enquanto eles tocam seus tambores com paixão e reverência à cultura afro-brasileira.
Ensaio do Olodum: Durante a temporada de ensaios, você pode participar dos ensaios abertos do Olodum.
Os ensaios costumam ocorrer no Largo de Tieta, também no Pelourinho. Essa é uma oportunidade única para vivenciar a música e a percussão vibrantes do grupo.
Os ingressos não são baratos, mas a experiência de ver o Olodum tocar vale cada centavo.
Eventos Especiais: Fique atento aos eventos especiais promovidos pelo Olodum. Às vezes, eles realizam shows gratuitos ou participam de festivais e celebrações em Salvador.
Verifique as redes sociais do grupo ou sites de eventos locais para obter informações atualizadas sobre apresentações específicas.
Celebrando Olodum
O Olodum, com seus tambores vibrantes e a reverência à cultura afro-brasileira, representa um símbolo de resistência, história e paixão. Suas batidas ecoam pelas ruas do Pelourinho, emocionando turistas e moradores locais.
Ao assistir a um show do Olodum, você não apenas ouve música; você sente a energia ancestral que flui através dos tambores. É como se o passado e o presente se fundissem em uma dança hipnotizante.
As músicas do Olodum nos lembram da importância de celebrar nossas raízes, de honrar os ancestrais que nos trouxeram até aqui.
Elas nos convidam a refletir sobre a luta do povo negro e a resiliência que permeia nossa história.
Então, quando você estiver em Salvador, não deixe de vivenciar essa experiência única. Dance ao som dos tambores, sinta a vibração da percussão e deixe-se levar pela magia do Olodum.