Elizeth Cardoso – A Divina Voz do Samba e da Bossa Nova

Elizeth Cardoso, também conhecida como A Divina, foi uma cantora e atriz brasileira de grande renome. Nascida no Rio de Janeiro em 16 de julho de 1920.

Elizeth começou a trabalhar desde cedo, ela cantava pelos bairros da Zona Norte carioca, cobrando ingresso para ouvi-la cantar os sucessos de Vicente Celestino. 

Seu talento foi descoberto por Jacob do Bandolim aos dezesseis anos, quando comemorava o aniversário.

Elizeth Cardoso foi convidada para um teste na Rádio Guanabara, e lá ela iniciou sua carreira artística, em 1936.

A partir daí, sua carreira decolou, e ela se tornou uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção, ao lado de artistas como Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran.

Elizeth migrou do choro para o samba-canção e, posteriormente, para a bossa nova. Em 1958, Vinícius de Moraes a convidou para ser a cantora de um álbum com músicas escritas por ele e Tom Jobim.

O álbum “Canção do Amor Demais” lançou a bossa nova e incluiu a versão original do clássico “Manhã de Carnaval” da trilha sonora de “Orfeu Negro”.

Sua trajetória é marcada por um momento de convergência de dois movimentos: a chamada Era de Ouro do rádio e a invenção da bossa nova.

Elizeth é considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira e uma das mais talentosas cantoras de todos os tempos, sendo reverenciada pelo público e pela crítica.

Discografia

Elizeth Cardoso, também conhecida como “A Divina”, possui uma extensa discografia que abrange várias décadas. Aqui estão alguns dos álbuns mais notáveis:

“Canção do Amor Demais” (1958): Este álbum é considerado um marco na bossa nova e inclui a icônica faixa “Chega de Saudade”, escrita por Vinícius de Moraes e Tom Jobim.

“A Meiga Elizeth nº 1” (1960): Outro álbum importante, com músicas como “Retrato da Noite” e “Fim de Noite”.

“Ary Amoroso” (1991): Um álbum posterior que demonstra a versatilidade de Elizeth, com interpretações emocionantes.

“Outra Vez Elizeth” (1982): Um trabalho que reflete sua maturidade artística e sua habilidade de transmitir emoções.

“Mulata Maior” (1974): Um álbum que combina samba-canção e samba tradicional.

“Olhos Verdes – A Elizeth Cardoso Collection” (2021): Uma coletânea que reúne algumas de suas melhores gravações.

Esses são apenas alguns dos muitos álbuns que compõem a rica trajetória musical de Elizeth Cardoso.

Elizeth Cardoso - A Divina Voz do Samba e da Bossa Nova - Album Achados & Perdidos

Algumas de suas músicas mais famosas

“Eu Bebo Sim”

“Eu Bebo Sim” é uma canção clássica da música brasileira, gravada por Elizeth Cardoso, que celebra a vida boêmia e a liberdade de escolhas.

Composta por Luiz Antônio e João do Vale, a letra é uma declaração aberta sobre a aceitação do ato de beber como parte da vida e da cultura popular.

A interpretação de Elizeth é cheia de autenticidade, sua voz expressiva traz à tona a alegria e a melancolia inerentes à boemia.

A combinação de samba com uma letra sincera e despretensiosa torna essa canção uma celebração da vida e das escolhas pessoais.

“Naquela Mesa”

“Naquela Mesa” é uma canção de profundo sentimento e saudade, composta por Sérgio Bittencourt em homenagem ao seu pai, o grande compositor Jacob do Bandolim.

A interpretação de Elizeth Cardoso carrega uma carga emocional intensa, realçada por sua voz melodiosa e expressiva.

A letra fala da ausência e da falta que uma pessoa querida faz, evocando memórias e momentos compartilhados.

O arranjo musical simples, mas tocante, permite que a voz de Elizeth brilhe, transmitindo toda a dor e a beleza da saudade.

“Barracão”

“Barracão” é um samba-canção de 1957, composto por Luís Antônio e Oldemar Magalhães, que retrata a vida nas favelas do Rio de Janeiro.

A interpretação de Elizeth Cardoso é marcada pela sua sensibilidade e pela forma como ela comunica a dura realidade e a resiliência dos moradores desses barracões.

A letra descreve as dificuldades, mas também a esperança e a força do povo, enquanto o ritmo envolvente do samba mantém a música vibrante e cativante.

A performance de Elizeth destaca-se pela sua capacidade de transmitir a luta e a dignidade das pessoas retratadas na canção.

Elizeth Cardoso Album Elizeth Cardoso

“No Tempo dos Quintais”

“No Tempo dos Quintais” é uma canção nostálgica que evoca lembranças de uma época mais simples e tranquila.

Composta por Paulo César Pinheiro e Mário Gil, a música remete aos tempos de infância e às brincadeiras nos quintais.

A voz de Elizeth Cardoso, com sua característica suavidade e calor, transporta o ouvinte para essas memórias afetivas.

A letra poética e as melodias suaves criam uma atmosfera de saudade e contemplação, fazendo desta canção uma celebração das pequenas coisas e dos momentos preciosos do passado.

“No Rancho Fundo”

“No Rancho Fundo” é um clássico da música brasileira, escrito por Ary Barroso e Lamartine Babo.

A interpretação de Elizeth Cardoso é simplesmente magistral, trazendo toda a profundidade e emoção da letra que fala da vida no campo, da simplicidade e das dificuldades enfrentadas.

A música é rica em imagens poéticas, e Elizeth, com sua voz poderosa e cheia de sentimento, consegue captar a essência dessa vida rural.

O arranjo orquestral que acompanha a canção realça ainda mais a beleza melódica e a riqueza lírica, tornando esta uma das interpretações mais memoráveis de Elizeth Cardoso.

“Na Cadência do Samba”

“Na Cadência do Samba”, também conhecida como “Que Bonito É”, é uma composição de Ataulfo Alves e Paulo Gesta, imortalizada pela voz de Elizeth Cardoso.

Essa música é uma celebração do ritmo e da energia do samba, trazendo à tona a beleza e a alegria desse gênero tão emblemático da cultura brasileira.

A interpretação de Elizeth Cardoso é vibrante e cheia de vida, capturando perfeitamente a essência festiva e envolvente do samba.

A letra exalta a cadência e a harmonia do samba, descrevendo a alegria que ele traz aos corações dos brasileiros.

Com versos como “Que bonito é / Ver um samba no terreiro”, a canção transporta o ouvinte para o cenário dos sambistas e das rodas de samba, onde a música se torna uma expressão de comunidade e felicidade. 

Elizeth, com sua voz clara e potente, confere uma autenticidade e uma paixão inigualáveis à canção.

O arranjo musical, marcado por instrumentos típicos do samba como o pandeiro e o cavaquinho, complementa perfeitamente a performance vocal, criando uma atmosfera contagiante e animada.

“Na Cadência do Samba” é mais do que uma simples música; é uma ode ao samba e à cultura brasileira.

A interpretação de Elizeth Cardoso é um testemunho de sua habilidade de dar vida e emoção às canções que ela canta, tornando esta faixa uma celebração eterna do samba e da sua cadência encantadora.

Elizeth Cardoso Album Canção do Amor Demais

Influências e Legado

Músicos do Rádio: Elizeth trabalhou com figuras renomadas do rádio, como Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva e Noel Rosa.

Essas colaborações influenciaram seu estilo e repertório.

Sua longa carreira e a escolha de repertório fizeram dela uma influência para muitas intérpretes contemporâneas, chamada de “a mãe de todas as cantoras brasileiras” por Chico Buarque.

Com uma carreira que se estendeu por quase sete décadas, Elizeth deixou um legado inestimável para a música brasileira, lançando mais de 40 álbuns e sendo reverenciada pelo público e pela crítica até sua morte em 7 de maio de 1990.

Elizeth Cardoso – A Divina Voz do Samba e da Bossa Nova

Elizeth Cardoso, com sua voz marcante e interpretações emocionantes, deixou sua marca na história da música brasileira.

Desde os sambas tradicionais até a bossa nova, sua versatilidade encantou gerações de ouvintes.

Ela foi a “Noiva do Samba-Canção”, a “Lady do Samba” e, acima de tudo, “A Divina”.

Sua trajetória é um testemunho da riqueza e diversidade da nossa cultura musical.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Facebook
Pinterest
X
Email
WhatsApp