Dominguinhos, nascido José Domingos de Morais, é um dos músicos mais emblemáticos da música popular brasileira, especialmente conhecido por sua habilidade magistral na sanfona e por suas contribuições ao forró.
Discípulo direto de Luiz Gonzaga, Dominguinhos continuou e expandiu o legado do “Rei do Baião”, trazendo inovações e mantendo a tradição do forró viva e pulsante. Sua música atravessa gerações, conquistando corações com melodias cheias de emoção e autenticidade.
Início de Vida e Carreira
Nasceu em 1941, na cidade de Garanhuns, no agreste pernambucano, em uma família com 16 irmãos. Desde muito jovem, demonstrou talento musical, aprendendo a tocar sanfona com seu pai.
Seu pai, Mestre Chicão, também era sanfoneiro e afinador de sanfonas. Foi ele quem presenteou Dominguinhos com sua primeira sanfona de oito baixos quando ele tinha apenas seis anos.
Juntamente com dois de seus irmãos, eles formaram o trio “Os Três Pinguins”, e Dominguinhos usava o nome artístico de “Neném do Acordeon” na época.
Sua vida mudou drasticamente quando conheceu Luiz Gonzaga, que se tornaria seu mentor.
Luiz Gonzaga o presenteou com sua primeira sanfona de 120 baixos e o levou para o Rio de Janeiro, onde sua carreira começou a deslanchar.
Luiz Gonzaga convidou-o para acompanhá-lo no Rio de Janeiro, e seis anos depois, Dominguinhos e seu pai foram morar na cidade maravilhosa para procurar o Rei do Baião.
Gonzagão sugeriu que ele mudasse seu nome artístico de “Neném do Acordeon” para “Dominguinhos” em homenagem a Domingos Ambrósio, um sanfoneiro mineiro que havia sido mestre de Luiz Gonzaga.
No Rio, Dominguinhos integrou-se à cena musical, colaborando com grandes nomes da música brasileira. Seu estilo era uma mistura de tradições nordestinas com influências urbanas, resultando em uma sonoridade única e cativante.
Durante sua carreira, ele se destacou não só como intérprete, mas também como compositor, criando músicas que se tornaram clássicos do repertório brasileiro.
Parcerias Memoráveis
Viajando pelo nordeste com Luiz Gonzaga, Dominguinhos conheceu a cantora e compositora pernambucana Anastácia. Juntos, eles compuseram mais de 200 canções.
Dominguinhos trabalhou com inúmeros artistas renomados ao longo de sua carreira, deixando sua marca em diversas colaborações.
Entre suas parcerias mais notáveis estão aquelas com Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Chico Buarque e Elba Ramalho. Cada colaboração trouxe novos elementos para sua música, enriquecendo ainda mais seu repertório.
Com Gilberto Gil, por exemplo, Dominguinhos criou sucesso como “Lamento Sertanejo”, que se tornou hino da música popular brasileira.
Sua parceria com Elba Ramalho resultou em inúmeros shows e gravações, consolidando o forró como um gênero popular em todo o Brasil.
Contribuições ao Forró
Dominguinhos foi fundamental na popularização e evolução do forró. Sua habilidade em combinar o tradicional com o moderno permitiu que o gênero se mantivesse relevante ao longo das décadas.
Ele incorporou elementos de jazz, bossa nova e música clássica em suas composições, sem nunca perder a essência do forró.
Ele também foi um mestre na improvisação, muitas vezes criando variações únicas de músicas tradicionais durante suas apresentações ao vivo. Seu estilo virtuoso na sanfona inspirou inúmeros músicos e ajudou a solidificar o forró como um dos pilares da música brasileira.
Legado e Reconhecimento
Dominguinhos recebeu inúmeros prêmios e homenagens ao longo de sua carreira, incluindo o Grammy Latino em 2002 pelo álbum “Chegando de Mansinho”.
Seu impacto na música brasileira é inegável, e ele continua a ser uma referência para músicos e fãs do forró. Em 2013, após sua morte, seu legado foi amplamente celebrado, com tributos de artistas de todas as gerações.
Sua influência pode ser sentida não só na música, mas também na cultura brasileira. Dominguinhos ajudou a elevar o forró a um status de respeito e admiração, mostrando que a música nordestina tem um lugar de destaque no cenário cultural do Brasil.
Vida Pessoal e Últimos Anos
Dominguinhos foi casado com a cantora Anastácia, com quem teve uma filha, Liv Moraes, que seguiu os passos do pai na música.
Mesmo nos últimos anos de sua vida, quando lutava contra problemas de saúde, Dominguinhos continuou a se apresentar e a encantar o público com sua música.
Ele faleceu em 23 de julho de 2013, deixando um vasto legado musical e uma legião de fãs e discípulos. Sua música continua viva, tocada e regravada por novos artistas, garantindo que o som da sanfona de Dominguinhos nunca será esquecido.
A Discografia
Dominguinhos lançou mais de 30 álbuns ao longo de sua carreira, cada um mostrando uma faceta diferente de seu talento. Entre os mais importantes estão:
– “Dominguinhos” (1967): Seu primeiro álbum, onde já mostrava seu talento nato na sanfona.
– “O Iluminado” (1980): Um álbum que trouxe grande reconhecimento, com canções que se tornaram clássicos.
– “Isso Aqui Tá Bom Demais” (1985): Contém algumas de suas músicas mais famosas, incluindo a faixa-título.
– “Chegando de Mansinho” (2002): O álbum que lhe rendeu o Grammy Latino.
– “Dominguinhos Ao Vivo” (2009): Um registro de sua incrível habilidade em performances ao vivo.
Músicas Mais Famosas
– “Eu Só Quero um Xodó”: Uma das músicas mais conhecidas de Dominguinhos, co-escrita com Anastácia. A canção fala do desejo simples de encontrar um amor para compartilhar a vida.
– “Lamento Sertanejo”: Parceria com Gilberto Gil, essa música combina elementos do forró com uma melodia melancólica que expressa a saudade e as dificuldades do sertanejo.
– “Isso Aqui Tá Bom Demais”: Um forró animado que celebra as coisas boas da vida, mostrando a alegria e o otimismo característico da música de Dominguinhos.
– “De Volta Pro Aconchego”: Um clássico que fala sobre o retorno ao lar e às raízes, com uma melodia envolvente e letra tocante.
– “Pedras Que Cantam”: Uma música que celebra a natureza e a vida no sertão, com uma letra poética e uma melodia rica.
Curiosidades Sobre Dominguinhos
Autodidata e Multi-instrumentista
Embora seja mundialmente conhecido como um mestre da sanfona, Dominguinhos também era autodidata e tocava vários outros instrumentos, incluindo violão, piano e acordeão de 8 baixos.
Sua versatilidade como músico contribuiu para a riqueza de suas composições e arranjos.
Influência Internacional
Dominguinhos foi amplamente respeitado fora do Brasil e teve a oportunidade de tocar com músicos internacionais como Toots Thielemans, o lendário gaitista belga.
Essa colaboração mostra o alcance e a influência da música de Dominguinhos além das fronteiras brasileiras.
Contribuições para a Música de Cinema
Dominguinhos também fez contribuições significativas para trilhas sonoras de filmes. Um exemplo notável é a trilha sonora do filme “O Homem Que Desafiou o Diabo” (2007), onde suas músicas ajudaram a capturar a atmosfera e a essência do sertão nordestino.
Uma Ponte Entre Gerações
Dominguinhos era conhecido por sua generosidade em apoiar jovens músicos. Ele frequentemente abria espaço para novos talentos em seus shows e gravações, ajudando a promover a próxima geração de músicos de forró e música brasileira.
Saúde e Determinação
Nos últimos anos de sua vida, mesmo enfrentando sérios problemas de saúde, Dominguinhos nunca deixou de se apresentar e criar música.
Sua dedicação à arte era tão forte que ele continuou a tocar sanfona em seus shows, muitas vezes sentado devido à fraqueza física, mas sempre com a mesma paixão e habilidade de sempre.
Dominguinhos e o Jazz
Embora seja um ícone do forró, Dominguinhos também tinha um profundo apreço pelo jazz.
Ele frequentemente incorporava elementos de jazz em suas apresentações e gravações, mostrando sua habilidade em transcender gêneros musicais e criando uma sonoridade única e inovadora.
Patrimônio Imaterial
Em 2010, Dominguinhos foi nomeado Patrimônio Vivo de Pernambuco, uma honra que reconhece sua importância cultural e seu impacto duradouro na música e na cultura do estado e do Brasil todo.
Estas curiosidades mostram não só o talento e a versatilidade de Dominguinhos como músico, mas também sua generosidade, dedicação e impacto na cultura brasileira.
Fechamento
Dominguinhos deixou um legado indelével na música brasileira. Sua habilidade excepcional na sanfona, combinada com sua capacidade de inovar e colaborar com outros grandes artistas, fez dele uma figura central no cenário musical do Brasil.
Suas músicas continuam a ser ouvidas e celebradas, mantendo viva a chama do forró e a cultura nordestina.
Dominguinhos não foi apenas um músico, mas um verdadeiro embaixador da música brasileira, cuja influência transcende gerações.