Quem foi Cássia Eller?
Cássia Rejane Eller, nascida em 10 de dezembro de 1962, no Rio de Janeiro, foi mais do que uma cantora; ela era uma força da natureza. Que logo demonstraria sua Intensidade e se tornaria uma Lenda da Música Brasileira
Sua voz única e interpretações marcantes a levaram para o estrelato, conquistando uma legião de fãs que a seguem mesmo após sua partida prematura, em 2001.
Considerada uma das maiores vozes da música brasileira, Cássia Eller foi uma artista versátil, autêntica e intensa, que deixou um legado perpétuo na cultura musical do país.
Infância e Adolescência Cheias de Música
Desde sua juventude, Cássia Eller foi envolvida pelo encanto da música. Com um pai músico e uma mãe apaixonada por rock, sua jornada musical começou cedo.
Aprendendo a tocar violão na adolescência, ela já demonstrava um talento especial, apresentando-se em festas e bares de Brasília, onde se mudou com a família aos 18 anos, semeando as raízes de uma carreira brilhante.
Antes de seguir a carreira musical, Cássia Eller trabalhou como garçonete, cozinheira e secretária do Ministério da Agricultura.
Ela também cantou em corais, óperas, grupos de forró e no primeiro trio elétrico do carnaval de Brasília.
O Início da Carreira e os Primeiros Sucessos
Em 1981, Cássia desembarcou no Rio de Janeiro, determinada a trilhar seu caminho na música. Sua perseverança a levou a palcos de casas noturnas e festivais, solidificando seu espaço.
O álbum de estreia, lançado em 1990, apresentou hits como “Por Enquanto” e “Malandragem”, impulsionando sua carreira ao estrelato e consagrando-a como referência no rock brasileiro.
Em 1994, ela lançou o álbum “Cássia Eller”, que vendeu mais de 300 mil cópias e trouxe sucessos como “O Segundo Sol”, “Palavras ao Vento” e “Nós”, todas de autoria de Nando Reis, seu grande amigo e parceiro musical.
A Voz Única e as Influências Musicais de Cássia
A voz de Cássia Eller era um instrumento poderoso. Transmitindo emoção em cada nota, ela navegava por diversos estilos musicais, do rock à MPB, do samba ao punk.
Sua capacidade de conectar-se ao público, independentemente do gênero, era um testemunho de sua versatilidade e paixão pela música.
Cássia gravou canções de grandes nomes da música nacional e internacional, como Caetano Veloso, Cazuza, Chico Buarque, Rita Lee, Renato Russo, Beatles, Nirvana, Janis Joplin e Edith Piaf, dando interpretações muito significativas e cheias de personalidade a tudo o que gravava.
Ela também era fã de Nina Simone e The Beatles, de quem aprendeu a tocar violão e a falar inglês.
A Intensidade e as Polêmicas da Vida Pessoal
Cássia Eller cantava com intensidade no palco e também marcava sua vida pessoal. Ela tinha uma personalidade forte e não temia expor suas opiniões autênticas.
Sua orientação sexual, revelada publicamente, e suas lutas contra drogas e álcool adicionaram camadas à sua complexa narrativa, mostrando que sua autenticidade ia além da música.
Ela morava com a parceira Maria Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco (chamado carinhosamente de Chicão).
Em uma entrevista à revista Marie Claire, em 2001, Cássia disse que gostaria de ter um contrato de casamento reconhecido por lei que provasse que ela e Eugênia estavam juntas há 14 anos.
Após a sua morte, Eugênia entrou em uma batalha judicial e conseguiu a guarda do Chicão, em um caso inédito no Brasil, que abriu as portas para que outros casais LGBTI+ conquistassem o mesmo direito.
Discografia e músicas famosas da Cássia Eller
Cássia Eller (1990): Este foi o álbum de estreia da cantora, que trouxe sucessos como “Por Enquanto” e “Malandragem”, ambas compostas por Renato Russo e Frejat, respectivamente.
O álbum mostrou a versatilidade de Cássia, que transitou por diversos gêneros musicais, como rock, blues, samba e MPB.
O Marginal (1992): Cássia Eller voltou mais para o rock no seu segundo álbum, com influências de punk e grunge.
O álbum contou com a participação de Nando Reis, que se tornaria um grande amigo e parceiro musical de Cássia. Entre as músicas mais conhecidas estão “O Dedo de Deus” e “Otário”.
Cássia Eller (1994): O terceiro álbum de Cássia Eller foi o mais bem-sucedido comercialmente, vendendo mais de 300 mil cópias.
O álbum trouxe hits como “O Segundo Sol”, “Palavras ao Vento” e “Nós”, todas de autoria de Nando Reis. O álbum também contou com a participação de Zélia Duncan, Arnaldo Antunes e Marisa Monte.
Veneno AntiMonotonia (1997): Este álbum foi uma homenagem de Cássia Eller ao cantor e compositor Cazuza, de quem era fã e amiga.
O álbum reúne 14 canções de Cazuza, interpretadas por Cássia com sua voz potente e emocionante. Entre as músicas mais famosas estão “Blues da Piedade”, “Todo Amor que Houver Nessa Vida” e “Só as Mães São Felizes”.
Com Você… Meu Mundo Ficaria Completo (1999): O quinto álbum de Cássia Eller foi considerado um dos melhores de sua carreira. Ele recebeu elogios da crítica e do público.
O álbum trouxe músicas de diversos estilos, como rock, samba, baião e flamenco. Entre as músicas mais famosas estão “Gatas Extraordinárias”, “E.C.T.” e “Relicário”, esta última em dueto com Nando Reis.
Homenagem Póstuma
Dez de Dezembro (2002): Nando Reis produziu o sexto e último álbum de Cássia Eller, lançado postumamente. O álbum contou com músicas inéditas e regravações.
Entre as músicas mais famosas estão “All Star”, “1º de Julho” e “Luz dos Olhos”. O álbum foi uma homenagem à cantora, que morreu em 29 de dezembro de 2001.
O Reconhecimento e os Prêmios Merecidos
Apesar das controvérsias, Cássia Eller foi amplamente reconhecida. Prêmios como o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, em 2001, pelo álbum “Acústico MTV”. O Prêmio Multishow de Melhor Cantora, em 1997 e 2001, e o Troféu Imprensa de Melhor Cantora do Ano, em 2002, atestam sua grandiosidade.
Suas músicas, trilha sonora de novelas e filmes, eternizaram sua influência na cena musical brasileira. Ela também recebeu elogios de artistas internacionais, como Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana, que assistiu sua apresentação no Rock in Rio III, em 2001. Neste show ela fez um cover de “Smells Like Teen Spirit” e subiu ao palco e parabenizou o músico, que estava comemorando seu aniversário.
O Trágico Fim e o Legado Perpétuo
Um infarto agudo do miocárdio tragicamente interrompeu a vida de Cássia Eller em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos. Uma overdose de cocaína e ecstasy provocou o infarto.
Mas seu legado perdura. Sua morte deixou uma lacuna, mas sua música continua a emocionar e inspirar.
Cássia Eller é mais do que uma lembrança; é uma presença eterna na história da música brasileira, uma artista autêntica. Seu talento e coragem transcendeu barreiras e marcou indelevelmente a cultura musical do país.
Sua intensidade vive nas notas de suas canções, ecoando através do tempo. Neste artigo, exploramos a incrível jornada de Cássia Eller, uma das maiores vozes do rock brasileiro.
Seu impacto vai além da música, ecoando em gerações e deixando uma marca indelével na rica tapeçaria da cultura musical brasileira.