Som Imaginário: Pioneiros do Rock Psicodélico Brasileiro

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O Som Imaginário é uma banda brasileira que teve um início notável. Originalmente formada para ser a banda de apoio do renomado cantor e compositor Milton Nascimento, o grupo rapidamente chamou a atenção dos fãs e das gravadoras.

Vamos explorar mais sobre essa lenda do rock brasileiro.

História e Formação

O Som Imaginário foi criado no início da década de 1970, com o propósito inicial de acompanhar Milton Nascimento no show “Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário”.

Seus integrantes eram músicos excepcionais, muitos dos quais ganharam notoriedade posteriormente:

Zé Rodrix (órgão): Conhecido por criar atmosferas únicas com seu órgão, Zé Rodrix trouxe uma profundidade sonora que complementava perfeitamente as composições da banda.

Fredera (guitarra solo): Com solos de guitarra que variavam do psicodélico ao blues, Fredera se tornou uma das principais forças criativas do Som Imaginário.

Robertinho Silva (bateria): Mestre das baquetas, Robertinho introduziu ritmos complexos e inovadores, tornando as batidas da banda inconfundíveis.

Tavito (guitarra base): A guitarra base de Tavito fornecia a espinha dorsal rítmica, solidificando a coesão sonora do grupo.

Wagner Tiso (piano): Pianista virtuoso, Wagner Tiso trouxe sofisticação harmônica que enriqueceu as composições da banda.

Luiz Alves (baixo): Com linhas de baixo robustas e melódicas, Luiz Alves completava a formação, garantindo a base perfeita para as experimentações dos outros músicos.

Inspirações e Influências do Som Imaginário

O Som Imaginário foi uma banda que se destacou por sua capacidade de inovar e misturar diferentes estilos musicais, criando um som único e representativo do cenário musical brasileiro dos anos 70.

As principais inspirações e influências da banda incluem:

Psicodelia e Rock Progressivo

A influência do rock psicodélico é evidente no trabalho do Som Imaginário.

Bandas como The Beatles, principalmente em sua fase psicodélica, com álbuns como “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e “Magical Mystery Tour” serviram como grande inspiração.

O uso de efeitos sonoros, arranjos complexos e experimentações sonoras são características marcantes do Som Imaginário, refletindo essa tendência.

Música Popular Brasileira (MPB)

A riqueza da MPB, com suas melodias sofisticadas e letras poéticas, influenciou profundamente o Som Imaginário.

Artistas como Milton Nascimento, com quem a banda colaborou intensamente, trouxeram uma sensibilidade lírica e melódica que se mesclou perfeitamente com o experimentalismo do grupo.

Tropicália

O movimento tropicalista, liderado por artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, também teve um impacto significativo na banda.

A fusão de elementos da música tradicional brasileira com rock, psicodelia e outras influências internacionais se reflete na abordagem musical do Som Imaginário.

Jazz e Música Erudita

Músicos como Wagner Tiso e Robertinho Silva, com suas formações sólidas em jazz e música erudita, trouxeram uma sofisticação técnica e harmônica ao grupo.

A improvisação jazzística e os arranjos elaborados são uma parte fundamental do som da banda.

Rock Internacional

Além dos Beatles, outras bandas de rock progressivo e psicodélico dos anos 60 e 70, como Pink Floyd, The Doors e Led Zeppelin, também influenciaram o Som Imaginário.

O uso de instrumentos eletrônicos, solos de guitarra expansivos e estruturas de músicas complexas são evidências dessas influências.

Música Brasileira Regional

A banda incorporou elementos de diversos estilos regionais brasileiros, como o samba, o baião e a bossa nova.

Essa mistura de ritmos e estilos locais com o rock psicodélico e progressivo criou uma sonoridade única e inovadora.

A combinação dessas influências resultou em um som eclético e distintivo, que não apenas refletia as tendências musicais da época, mas também contribuía para a evolução da música brasileira.

O Som Imaginário, através de sua música, conseguiu transcender gêneros e criar algo que era, ao mesmo tempo, familiar e completamente novo, deixando um legado na cena musical do Brasil.

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Discografia

O grupo lançou três álbuns de estúdio:

“Som Imaginário” (1970): Este álbum trouxe uma mistura de sons que refletiam as influências psicodélicas da época, especialmente dos Beatles. Foi um marco não apenas por sua sonoridade inovadora, mas também pelo talento dos membros da banda.

“Som Imaginário (Nova Estrela)” (1971): Continuando a explorar sua sonoridade única, o segundo álbum também foi bem recebido.

“Matança do Porco” (1973): Este álbum contou com os vocais de Milton Nascimento e consolidou o grupo como uma força inovadora no rock brasileiro.

Resenha das Músicas Famosas

Feira Moderna

“Feira Moderna” é uma das faixas mais icônicas do Som Imaginário, destacando-se por sua energia contagiante e letra envolvente.

A música mistura elementos do rock psicodélico com influências do tropicalismo, refletindo o espírito inovador da época.

O órgão de Zé Rodrix se destaca, criando uma base rítmica vibrante, enquanto a guitarra de Fredera adiciona um toque ácido com seus solos agitados.

A letra, escrita por Fernando Brant e Beto Guedes, celebra a modernidade e a efervescência cultural das feiras, encapsulando a transformação da sociedade brasileira nos anos 70.

É uma canção que se mantém atual, tanto pelo seu som quanto pela sua mensagem.

Hey Man

“Hey Man” é uma faixa que demonstra a versatilidade do Som Imaginário, explorando um estilo mais voltado para o rock clássico com pitadas de soul.

A melodia é marcada por uma batida constante e o uso expressivo do piano de Wagner Tiso, que proporciona um groove cativante.

A performance vocal é intensa, com um tom rebelde que captura a essência do rock ‘n’ roll. Os riffs de guitarra são poderosos, mas comedidos, mostrando uma maturidade musical que equilibra técnica e emoção.

“Hey Man” é uma prova da habilidade da banda em transitar por diferentes gêneros, mantendo sua identidade única.

Cenouras

Em “Cenouras”, o Som Imaginário mergulha fundo no experimentalismo, apresentando uma composição rica em texturas sonoras e variações rítmicas.

A faixa é instrumental e permite que cada membro da banda brilhe em seus respectivos instrumentos.

O baixo de Luiz Alves guia a música com linhas sinuosas, enquanto a bateria de Robertinho Silva oferece ritmos complexos que desafiam a expectativa.

As guitarras de Tavito e Fredera criam camadas de som que evocam imagens vívidas, quase cinematográficas.

“Cenouras” é uma viagem auditiva que demonstra a capacidade do Som Imaginário de criar paisagens sonoras inovadoras e cativantes.

Nova Estrela

“Nova Estrela” encerra esta seleção de músicas com uma abordagem mais melódica e contemplativa.

A faixa destaca a habilidade composicional do grupo, combinando arranjos sofisticados com uma execução emocionalmente ressonante.

O piano de Wagner Tiso é o coração da música, oferecendo uma melodia que é, ao mesmo tempo, nostálgica e esperançosa.

As guitarras fornecem uma base suave, permitindo que a harmonia se desenvolva gradualmente.

A letra poética fala de novos começos e da busca por luz em tempos de escuridão, uma mensagem que ressoa profundamente.

“Nova Estrela” é uma bela conclusão que reforça o legado do Som Imaginário como pioneiros e mestres da música brasileira.

Essas quatro faixas exemplificam a diversidade e o talento do Som Imaginário, mostrando porque a banda continua a ser uma referência fundamental na história do rock brasileiro.

Cada música oferece uma perspectiva única, mas juntas, elas formam um retrato coeso de um grupo que soube inovar e inspirar através de sua arte.

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Legado

O Som Imaginário não apenas acompanhou Milton Nascimento, mas também colaborou com outros artistas, como MPB-4, Taiguara, Marcos Valle, Gal Costa, Odair José, Carlinhos Vergueiro, Sueli Costa e Simone.

Em 2012, após quase 40 anos desde sua última apresentação, houve uma reunião dos membros originais no projeto “Wagner Tiso e o Som Imaginário”, que continua até hoje.

O Som Imaginário abriu caminho para futuros trabalhos colaborativos e solos de seus integrantes.

Sua mistura de rock psicodélico com influências brasileiras inspirou bandas subsequentes, mostrando que a música brasileira poderia ser experimental e inovadora sem perder sua identidade.

A história do Som Imaginário é um testemunho da criatividade e talento que brota quando músicos excepcionais se juntam.

Suas contribuições continuam a ser celebradas e estudadas, inspirando novas gerações de artistas.

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